Manejo dos Equinos

Cascos, casqueamento e ferrageamento

Recebi em meu privado, uma pergunta interessante, que responderei aqui no Blog, omitindo aquele que a fez, respeitando sua privacidade.

Pergunta: “Sendo de grande importância os cuidados com a sanidade dos cascos de nossos animais, como funciona com os cavalos selvagens?”

Em princípio devemos nos lembrar que a natureza promove uma seleção natural, onde sobrevivem os fortes e os mais e melhor adaptados. Partindo desse princípio, devemos considerar:

     

      • Os cavalos selvagens vivem em manadas, primordialmente nas pradarias, nas quais encontram os mais diversos tipos e terrenos, íngremes, planos, ondulados, gramados, secos, pedregosos e alagados;

      • As manadas se deslocam diariamente andando quilômetros em busca de água, alimento, abrigo em função das intempéries e segurança quanto a predadores;

      • Nessas longas caminhadas nos mais diversos tipos de terrenos, seus cascos são naturalmente aparados;

    Quando um animal não consegue aparar naturalmente seus cascos ou sofre algum acidente que os envolva sem possibilidade de recuperação, se afasta da manada para aguardar a morte natural ou nas garras dos predadores;

       

        • O cavalo na natureza, ainda em estado selvagem, tem seus cascos mais resistentes que os domesticados em função da adaptação e seleção natural (só chegam à idade adulta, os fortes).

        • Os animais selecionados por cruzamentos genéticos, não são tão resistentes quanto os selvagens, pois não passam pela seleção natural e isto requer de nossa parte (humanos) um maior e melhor cuidado com esse item fundamental para o movimento saldável e equilibrado dos membros de nossos animais.

        • Para os cavalos selvagens, não é necessário nada além de cascos, nem pensar em ferraduras. Seus cascos continuam crescendo normalmente e são desgastados enquanto correm, muitas vezes mais do que os por nós selecionados. O desgaste dos cascos ocorre gradativamente e não ficam muito curtos.

        • Animais selvagens, como os Mustangues (Norte Americanos), por terem cascos mais fortes não precisam de ferradura nem mesmo em terrenos acidentados, (sobrevive o mais forte e melhor adaptado). Nossos cavalos resultantes de cruzamentos genéticos e criados em cativeiro, comparados aos animais selvagens, são mais fracos e menos adaptados. Ainda assim, os Mustangues como qualquer outra raça selvagem, podem ter seus cascos desgastados em demasia ou crescerem além do limite, deixando-os mancos, impossibilitados de acompanharem a manada ou se defenderem, o que em geral, custa suas próprias vidas.

      Como cuidar do casco?

         

          • Faça uma limpeza regular, retire toda a sujeira da sola e ranilha com o auxílio de um limpador de casco. De preferência, procedimento que deve ser feito antes e após e se utilizar o cavalo, e se não for usá-lo, a indicação é limpar uma vez ao dia.

          • O casqueamento e ferrageamento têm grande importância na performance e longevidade dos cavalos, já que se não realizados ou feitos incorretamente, podem dar causa a uma grande variedade de lesões dos membros e podem inutilizar o animal para o uso adequado; fato este de ocorrência muito mais frequente do que se admite.

          • Não nos esqueçamos: Criadores de Cavalos, especialmente o Mangalarga Marchador, produzem movimento, daí a importância dos cascos, base de tudo.

        É recomendado o casqueamento e ferrageamento, este quando necessário a cada sessenta (60) dias.

        Fica a observação: Cavalos permanentemente embaidos, são impedidos de naturalmente se exercitarem, por consequência os cuidados com o casco se fazem mais importantes e necessários. 

        Edi Mendonça – Belém, 17 e maio de 2023.

        O BANHO NOS EQUINOS E O ESPOJAMENTO.

        Assisti a um vídeo no Instagram, no qual aparece um cavalo, sendo bainhado. Terminado o banho, o homem imediatamente retirou-lhe o cabresto, não lhe dando tempo nem mesmo para escorrer, o animal andou alguns poucos metros e se espojou, ficando a ¨milanesa”, porém isto não foi o que me causou espécie, pois esta foi uma atitude perfeitamente normal do animal, o que de fato me chamou atenção, foram os comentários do porque o animal havia feito isso.

        Bem, não vou transcrever os comentários, tentarei apenas explicar o porquê do espojamento.

        A pele dos equinos é extremamente sensível, ao ponto, do que comumente observamos, tremer o couro, ao toque do pouso de uma simples mosca sobre ele.

        Bem, após o banho, quando não escovamos o animal, a água escorre por sua pele causando-lhe incomodo e para livrar-se disso, espoja, portanto se faz importante, após o banho, escovar-se o animal retirando o excesso de água, que fatalmente escorrerá por sua pele, com esse proceder, evitamos o espojamento.

        Edi Mendonça – Belém/Pa. 22.10.23

        Mangalarga Marchador x Mormo x GTA

        O mormo é uma enfermidade infecciosa causada pela bactéria Burkholderia Mallei, que afeta principalmente equídeos, e está na lista de doenças de notificação obrigatória da OMSA (Organização Mundial de Saúde Animal). O período de incubação da doença varia de alguns dias a vários meses e as principais formas de infecção, dão-se através da ingestão de água ou alimento contaminado. Embora considerada doença ocupacional se faz rara em seres humanos.

        Recebemos em nosso estado (Norte), animais provenientes das mais diversas regiões e municípios do país, o que gera grandes oportunidades para a disseminação da doença. Necessário se faz observarmos que os criadores, além do amor dedicado a seus animais, têm grandes valores neles investidos, quer seja na aquisição ou mesmo em cruzamentos (monta natural ou assistida).

        Prevenir, sempre será melhor que remediar.

        Isto posto, a portaria de número 593 MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de 30.06.23, que isenta a obrigatoriedade de apresentar-se o resultado negativo do exame de mormo, para obtenção do GTA (Guia de Trânsito Animal), fragiliza o controle da disseminação da doença em nossas manadas, colocando tanto nossos animais quanto os criadores em risco, esses de grandes prejuízos.

        Transcrição do trecho da portaria que mais interessa.

        ¨O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) publicou, no dia 30 de junho de 2023, no Diário Oficial da União, a Portaria Mapa n.º 593, que revoga e modifica dispositivos da Instrução Normativa n.º 06, de 16 de janeiro de 2018. A partir da data da publicação, o Mapa deixa de exigir o exame negativo de mormo, para trânsito de equídeos. Esta Portaria tem efeito imediato e libera o trânsito de equinos sem exame negativo de mormo, dentro do Estado de Santa Catarina e também em outras Unidades da Federação, com exceção de alguns Estados que possuem legislação própria.”  

        O importante é termos, o mais rapidamente possível, em nosso Estado, laboratório credenciado para a realização dos exames de Mormo e Anemia Infecciosa. Efetuar esses exames, deve ser primordialmente interesse dos criadores. 

        Hoje realizamos esses exames principalmente no vizinho estado do Maranhão, o que além da demora, onera custos.

        Acredito que os 625.028 (fonte FAEPA) equídeos em nosso estado, justifica um laboratório, se não específico, a menos credenciado.

        O exame de Mormo, deixa de ser necessário para a obtenção do GTA – Guia de Transporte Animal, porém devemos periodicamente examinarmos nossos animais quer seja por um Médico Veterinário ou exames laboratoriais, sempre será melhor prevenir do que remediar.

        Edi Mendonça – Belém/PA, 30 de julho de 2024

        ESCLARECIMENTOS – MANGALARGA MARCHADOR X MORMO X GTA

        Em relação a matéria anteriormente publicada, sob o título: Mangalarga Marchador X Mormo X GTA recebemos uma mensagem que quero entender, como um questionamento, que responderei de público buscando esclarecer outros que tenham a mesma dúvida.

        Me perguntaram: “Você é contra medidas que possam reduzir o custo do transporte de animais?”

        É óbvio que não.

        Somos contra tudo que ponha em risco nossos animais e patrimônio que possa ser evitado e esteja sendo desprezado.

        Vamos lá, digamos que um exame de Mormo custe hoje R$ 80,00, pois mesmo feito junto com Anemia Infecciosa, o frete é o mesmo.

        Se alguém tem um animal MM, no valor de R$ 8.000,00, esta quantia equivale a 100 exames de mormo, vejamos, se o criador transportar dez (10) animais por mês, terá com este dinheiro coberto com este dinheiro, 10 meses de transporte.  

        Particularmente, não conheço ou tenho notícias de alguém que transporte regularmente dez (10) animais todos os meses.

        Acho que o baixo custo, comparado aos enormes benefícios, explica minha posição.

        Edi Mendonça / Belém/Pa, 06.07.23.

        O gene da dissociação nos equinos

        Autoria e íntegra da matéria publicada por Lúcio Andrade em grupo de WhatsApp, quarta-feira 10.01.24.

        👆Atestado Genético da Dissociação Natural

        O genótipo dele tem duas cópias do alelo A mutante DMRT3, que tem ação em alterar o andamento normal do trote para andamento dissociado

        A outra possibilidade de resultado positivo do teste é o genótipo heterozigoto com uma cópia do alelo A mutante.

        O alelo normal não mutante é representado pela letra C, podendo o genótipo ser CC ou CA.

        O teste se reveste de inestimável importância para os criadores, tais como:

        O atestado positivo em potros ou potras ajuda o criador na seleção futura para o plantel de reprodução;

        O atestado positivo em potros e potras pode favorecer um aumento considerável do valor de venda;

        ⁠O atestado positivo no caso do gene em homozigose é uma garantia de que a marcha tem a dissociação natural; e não aquela artificial que está muito disseminada;

        ⁠O atestado positivo do genótipo heterozigoto significa que apenas uma cópia do gene mutante é uma habilidade para a manifestação a qualquer momento da marcha picada, sem a necessidade do uso de artifícios de forte pressão para modificação da marcha;

        ⁠Um plantel de éguas de marcha batida pode ser modificado com facilidade para a marcha picada através da utilização de reprodutor com atestado de genótipo com ação do gene da dissociação natural. O criador faria a substituição das matrizes pelas filhas;

        Criadores interessados em realizar o teste genético da dissociação natural podem fazer contato comigo – Lúcio Sérgio de Andrade, para receberem as instruções de envio do material. Eu moro nos EUA e ofereço aos criadores do Brasil o serviço de agenciamento do exame, sendo que eu mesmo levo o material. Mas antes eu faço avaliação da genealogia através do IGMP – Índice Genealógico da Marcha Picada, e da marcha através de vídeos para classificação do tipo e grau da dissociação, como também a importante verificação de eventuais indicativos que a marcha tenha sido modificada. Esta avaliação prévia é imprescindível para melhor orientar o interessado se vale a pena fazer o exame, qual a probabilidade da manifestação do gene da dissociação natural e se é genótipo homozigoto ou heterozigoto.

        Edi Mendonça – Belém/PA, 30 de março de 2024

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