PECUÁRIA: INVESTIMENTO, CUSTO E DESPESA CONCEITOS E APLICAÇÕES PRÁTICAS

Compreendendo os Conceitos

No universo da pecuária e da gestão rural, compreender corretamente os conceitos de despesa, custo e investimento é fundamental para uma administração eficiente e lucrativa. Apesar de muitas vezes confundidos, esses termos têm papéis distintos dentro da contabilidade e da gestão de uma propriedade.

Despesa

É o gasto necessário para manter a estrutura administrativa e operacional da fazenda ou empresa, sem estar diretamente ligado à produção de bens ou serviços.
Finalidade: manter o negócio funcionando, cobrindo gastos administrativos e operacionais.

Exemplos: energia elétrica do escritório, salários de pessoal administrativo, materiais de escritório, entre outros.

Custo

É o gasto diretamente relacionado à produção de bens ou serviços. Inclui tudo aquilo que participa do processo produtivo.
Finalidade: garantir a produção e entrega do produto ao cliente.

Exemplos: ração, vacinas, medicamentos, mão de obra na lida com o gado, manutenção de pastagens e insumos agrícolas.

Investimento

É o gasto realizado com o objetivo de gerar retorno futuro. Trata-se de uma aplicação que aumenta a capacidade produtiva, eficiência ou valor do negócio ao longo do tempo.
Finalidade: promover crescimento, inovação e lucratividade no médio e longo prazo.

Exemplos: construção de currais, compra de maquinário, melhoria genética do rebanho, irrigação e novas áreas de pastagem.


Aspectos Fundamentais da Pecuária

Os animais criados na pecuária são, essencialmente, herbívoros, e por isso o manejo alimentar deve se basear em práticas sustentáveis e nutricionalmente equilibradas.

Custos na Pecuária

Investimento Inicial

Inclui as etapas de implantação da estrutura produtiva:

  • Abertura e preparação de área (com autorização dos órgãos competentes);
  • Implantação de pastagens;
  • Construção de cercas, currais e bebedouros.

Implantação e Manutenção

  • Correção e adubação do solo;
  • Manejo e rotação das pastagens;
  • Manutenção de cercas, cochos e estruturas auxiliares.

Exame do Solo

O exame do solo avalia suas condições físicas e químicas — nutrientes disponíveis, pH, matéria orgânica, textura (areia, silte e argila) e salinidade.
Essas informações orientam:

  • A fertilidade do solo;
  • A necessidade de correção com calcário e adubação adequada;
  • A escolha da espécie forrageira mais adaptada.

Exame Bromatológico

É a análise química dos alimentos, que determina a quantidade de nutrientes (proteínas, carboidratos, lipídios, minerais, umidade e fibras).
Na pecuária, o exame bromatológico do capim é essencial para:

  • Avaliar a qualidade nutricional da forragem;
  • Formular dietas balanceadas;
  • Garantir a segurança alimentar dos animais.

Atenção: Capim “bem verdinho” indica bom teor de clorofila, mas não necessariamente alto índice proteico.


Escolha da Cultivar e Planejamento do Pastejo

A seleção da cultivar deve considerar:

  • Tipo e correção do solo;
  • Clima e índice pluviométrico;
  • Necessidade de irrigação no período seco.

Outros fatores importantes:

  • Cálculo da produção de matéria seca (MS) por hectare;
  • Determinação do consumo diário de MS por unidade animal (UA);
  • Dimensionamento de piquetes e tempo de permanência do rebanho.

O consumo é diretamente proporcional ao peso corporal (PC) do animal e expresso em percentual do peso vivo (%PV).


Tabela Prática de Consumo de Matéria Seca

Categoria Animal% do Peso VivoConsumo de MS (kg/dia)Exigência NutricionalPeso Vivo Médio
Bezerro / Crescimento3,0 a 4,0%8 a 12 kgAlta300 kg
Novilho / Terminação2,5 a 3,0%10 a 12 kgAlta em energia400 kg
Vaca de Corte / Manutenção2,0 a 2,5%10 a 12,5 kgVaria conforme qualidade do pasto500 kg
Vaca Lactante2,5 a 3,5%12 a 17,5 kgAumenta com a produção de leite500 kg
Touro Adulto2,0 a 2,5%12 a 15 kgDepende da atividade reprodutiva600 kg
Bovino Confinado2,2 a 2,8%14 kgAlta energia500 kg

GRÁFICO

Cálculo Prático da Lotação

Exemplo:
Um boi de 450 kg, consumindo 2,5% do PV, ingere 11,25 kg/dia de matéria seca.
Em um ano:
11,25 kg x 365 = 4.106,25 kg de MS/ano.

Se o Tifton 85 produz 16.000 kg de MS/ha/ano, temos:

  • 16.000 ÷ 12 = 1.333,3 kg de MS/mês
  • 1.333,3 ÷ 11,25 = 118,51 cabeças/ha/dia

Lotação dos Piquetes

Um hectare com Tifton 85, em boas condições (corrigido, adubado e irrigado), suportaria 118,51 unidades animais (UA) por um dia.
Para manejo rotacionado adequado, deve-se respeitar:

  • Altura de entrada e saída do pastejo;
  • Tempo de rebrota do capim;
  • Quantidade de piquetes compatível com o sistema.

Exemplo de Sistema com 24 Piquetes (1 ha cada)

  1. 16 piquetes comportando 118,51 UAs;
  2. 8 piquetes com 59,25 UAs, por dois dias cada;
  3. Total: 177,76 UAs em área de 24 hectares.

Considerações Finais

Para melhor ganho de peso diário e conservação da pastagem, recomenda-se suplementação alimentar, preferencialmente com:

  • Forragem hidropônica;
  • Capineira (capim cortado e servido no cocho);
  • Ração balanceada.

Este artigo apresenta uma visão geral de custos e manejo, não substituindo um projeto técnico personalizado.
Cada implantação deve considerar as condições locais, recursos disponíveis, raça escolhida, mercado regional e logístico.

Investimento e manejo adequados garantem produtividade sustentável e lucro contínuo.


📍 Fonte:
Pesquisa em fontes fidedignas e texto original de Edi Mendonça – Belém/PA, 16 de outubro de 2025.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *